DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM, DISLEXIA UMA QUESTÃO,VÁRIOS
QUESTIONAMENTOS
Lednalva Oliveira CordeiroBatista
Psicopedagoga Clínica
lednalva@hotmail.com
RESUMO:
O objetivo deste trabalho é favorecer a reflexão da concepção do profissional da área de Psicopedagogia quanto o diagnóstico de dislexia, tendo em vista os altos índices discriminatórios de crianças e adolescentes diagnosticados como Disléxicos, mantendo um mito ao longo de anos, e que tem sido motivo de questionamentos quanto à contribuição que a Medicina pode oferecer área Educacional e vice-versa. Cabe ao psicopedagogo, particularmente o clínico, a compreensão do que de fato é real, e a partir daí, fazer o levantamento diagnóstico psicopedagógico e desenvolver métodos e instrumentos para intervenções verdadeiramente eficazes, para a compreensão de como o indivíduo opera; suspeitar e questionar diagnósticos médicos de dislexia, particularmente, quando os exames de imagem ou outros, não apresentam alterações, e não obstante, é prescrito medicação para uma dificuldade de aprendizagem, que ao mesmo tempo, chama-se de distúrbio, transtorno e que não é doença. As pesquisas feitas até o momento tramitam no terreno das hipóteses, conforme a literatura há opiniões de pesquisadores convergentes e divergentes, quanto ao tema, onde apenas fornece ao psicopedagogo, elementos que justificam a necessidade de estudos de aprofundamento tanto no campo da Educação quanto na Saúde, tendo como premissa a diversidade do ser humano, e suas formas de aprender. Utilizou-se como fundamentação metodológica a abordagem de pesquisa qualitativa a revisão bibliográfica e a pesquisa de campo. Para compor a pesquisa de campo, foram coletados dados concretos, utilizando a entrevista informal e um questionário com seis profissionais da área de psicopedagogia que atuam nos municípios de Salvador, Feira de Santana e Serrinha no estado da Bahia.
Palavras- Chave: Psicopedagogia,dislexia,saude,educação,dificuldades de aprendizagem
SUMMARY:
The objective is to encourage reflection and design professional in the field of Educational Psychology as the diagnosis of dyslexia, in view of the high discriminatory indices of children and adolescents diagnosed as Dyslexic, maintaining a myth over the years, and has been the subject of questions regarding the contribution that medicine can offer educational area and vice versa. It is for psychologists, particularly the clinical understanding of what actually is real, and from there to survey and develop psycho diagnostic methods and tools for truly effective interventions for understanding how the individual operates, and questioning suspects in medical diagnostics dyslexia, particularly when other imaging tests or show no change, and yet it is prescribed medication for a learning difficulty, which at the same time, it is called a disorder, and disorder that is not a disease. The research done to date bills passing in the field of hypotheses, according to the literature, there are opinions of researchers convergent and divergent on the issue, which only provides the psychopedagogists, evidence justifying the need for further studies both in the field of education and in health, taking as its premise the diversity of human beings and their ways of learning. Was used as a methodological foundation's approach to qualitative research literature review and field research. To compose the field survey, data were collected concrete, using a questionnaire and informal interviews with six professionals in psychology who work in the cities of Salvador and Feira de Santana in Bahia Serrinha.
Keywords: Educational Psychology, dyslexia, health, education, learning disabilities
INTRODUÇÃO:
A Psicopedagogia como campo de conhecimento e atuação em Saúde e Educação, enquanto prática clínica tem-se transformado em campo de estudos para investigadores interessados no processo de construção do conhecimento e nas dificuldades que se apresentam nessa construção. É intrigante pensar em certas doenças que só se manifestam quando o quesito é aprendizagem específica, na hora de aprender a ler e a escrever e no campo lógico matemático. Observa-se que faltam elementos para um diagnóstico médico embasado e confirmado através de exames de qualquer natureza científica que possa apontar causas médicas reais para justificar tais dificuldades de aprendizagem. Cabe ao psicopedagogo, pela sua importância na escola, na clínica, e na família, bem como na avaliação diagnóstica e no tratamento de alunos disléxicos contribuírem na recuperação e desenvolvimento das habilidades necessárias ao seu desenvolvimento nos aspectos: cognitivos, emocionais, sociais, visando o sucesso nos diversos contextos em que atua, convocando para tal, áreas como a fonoaudióloga, pedagogia, neurologia, psiquiatria, dentre outras. Algumas pesquisas apontam a tese do Déficit Fonológico como provável causa da dislexia. De acordo com esta hipótese, a dislexia é causada por um déficit no sistema de processamento fonológico motivado por a uma disrupção no sistema neurológico cerebral, ao nível do processamento fonológico.
Para Galaburda, autor famoso, reconhecido por todos os autores quando fala de dislexia e TDAH, um dos que mais têm trabalhos em alterações anatômicas na dislexia, publicou uma série de trabalhos nas décadas de 1970 e 1980, e que são repetidamente citados por outros autores que, presumidamente, teria comprovado que o problema da dislexia seria a assimetria de neurônios no plano temporal e ectopital neuronais em córtex, tálamo e cerebelo. Foram estudadas cinco pessoas com idades variando de 12 a 30 anos e presumiu que eram disléxicas! Como foi feito o diagnóstico de dislexia? Não encontrei ainda informação científica sobre isso, o que me parece ser esta questão, fundamental em pesquisa científica. Tais resultados vêm sendo ao longo dos anos, ponto de convergência e de divergência entre vários estudiosos Siegel (2006), diz: “Um dos grandes problemas é que não existe nenhum exame de sangue específico ou resultado de imagens do cérebro que possa fornecer um diagnóstico. Fundamentalmente, o problema é que a leitura é medida em um ‘continuum’, e não há nota de corte em um teste de leitura que claramente distinga indivíduos disléxicos e não disléxicos. A distinção entre dislexia e leitura normal é arbitrária; o ponto de corte varia de estudo para estudo. Exatamente onde está a linha entre disléxicos e não disléxicos é subjetiva e controversa. Ellis, (1984),” Não podemos de forma alguma simplesmente dividir a população entre aqueles que são disléxicos e aqueles que não o são”. O desenvolvimento de uma pesquisa sobre dificuldades de aprendizagem e dislexia e a intervenção psicopedagógica tem como objetivo despertar o interesse dos profissionais envolvidos, em aprofundar estudos na área, a fim de prevenir ou minimizar os danos que por ventura venham a surgir como conseqüências de diagnósticos questionáveis motivaram a realização deste estudo.
METODOLOGIA
Este estudo desenvolveu-se fundamentado na pesquisa qualitativa que se apresentou adequado, considerando que a abordagem elencou valores, crenças, representações, opiniões e atitudes dos profissionais. Utilizou-se a revisão bibliográfica e a pesquisa de campo. Foram resgatados dados concretos, utilizando a entrevista informal e a aplicação de questionário, com seis profissionais da área de psicopedagogia que atuam no município de Serrinha, Feira de Santana e Salvador no Estado da Bahia Os instrumentos possibilitaram a compreensão e análise das concepções das profissionais sobre dislexia bem como seus métodos de trabalho com pacientes disléxicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando a concepção do psicopedagogo sobre a dislexia, sabemos que a atuação desses profissionais exige muita responsabilidade e competência, que só podem ser adquiridas através da prática, dedicação, muito estudo, e questionamentos quanto aos rótulos e estigmas que assombram as dificuldades de aprendizagem.
Um dado relevante da pesquisa foi, que, a maioria das profissionais entrevistadas, terminou seus cursos de pós graduação, e com eles a prática de pesquisa, , se mostraram pouco afinadas com os avanços das teorias atuais sobre a dislexia. Repetindo e aceitando, modelos antigos para suas práticas psicopedagógicas, e, admitindo como definitivo diagnósticos médicos referindo disléxia .
Na pesquisa de campo foram entrevistadas seis psicopedagogas que atuam em clínicas em Serrinha, Feira de Santana e Salvador-Bahia. Quando perguntadas sobre o que é dislexia, cada uma respondeu de acordo com a sua concepção.
A Psicopedagoga “nº1” respondeu de forma pouco objetiva às perguntas, definindo como sendo um distúrbio no processamento da linguagem. A entrevistada “nº2” faz referência à idade cronológica da criança com a predisposição para dislexia. A entrevistada “nº3” diz levar em consideração a hereditariedade pelo fato de ser uma síndrome de origem genética (...). Destacando a importância do diagnóstico precoce. As entrevistadas nº4 e 5, não demonstraram preocupação quanto a dificuldade específica, dislexia, informando que em suas práticas, avaliam as dificuldades no campo da leitura,escrita, campo lógico matemático e buscam o desenvolvimento da plasticidade cerebral, motricidade, etc. de forma genérica.
A entrevistada nº6, concordou com a necessidade em aprofundar os estudos, e, a colaboração indiscutível de uma equipe multidisciplinar, visando descartar comprometimento de bases neurológicas entre outras, orientação a família, através de planos de desenvolvimento de atendimento e intervenção psicopedagógica.
Collares e Moysés (1996), afirmam que dificuldade de aprendizagem como a dislexia, redunda em fracasso escolar que se constitui em um problema social e politicamente produzido. Questão que deve ser resgatada em dimensão coletiva e não individual, nem mesmo somatória de problemas individuais. Centrar as causas da dislexia em etiologias de bases neurológicas ou qualquer outra, atribuir responsabilidades, nada constrói, nada muda. Constitui um empecilho ao avanço das discussões da busca de propostas possíveis, imediatas e a longo prazo, de transformações das instituições e do fazer pedagógico,onde a criança não se torne simples vítima sem direitos e sem defesa. Onde o único direito que lhe resta é ao do rótulo e a estigmatização. Vale ressaltar que foram as autoras acima, a fonte de inspiração, pesquisa e informação para a efetivação desse trabalho, cuja pretensão não passa de um convite ao estudo e a pesquisa para uma prática profissional de qualidade.
Referências Bibliográficas COLLARES, C. A. L. e MOYSÉS, M. A. A. A História não Contada dos Distúrbios de Aprendizagem. Cadernos CEDES no 28, Campinas: Papirus, 1993, pp.31-48. DAVIS, Ronaldo Dell com BRAUN, Elder M. O dom da dislexia: por que algumas das pessoas mais brilhantes não conseguem ler e como podem aprender. Tradução: Ana Lima e Gracia Badaró Massad. Rio de Janeiro: Rocoo, 2004. GALABURDA, A. M. et al. Models of temporal processing and language development. Clin. Neurosc. Res. V.1, p. 230‑237. 2001. Moysés, M. (2008). A institucionalização invisível: crianças que não aprendem na escola (2ªedição,revista e ampliada ed.).Campinas:Mercado eLetras, Artes Médicas, 1998. Siegel, L. S. e Metsälä, J. Subtipos de dificuldades de aprendizagem. Singh, |